Filmes, filmes,
Os melhores se assemelham
Aos grandes livros que
Pela sus riqueza e profundidade
Se tornam de penetração difícil
O cinema não é fácil
Porque a vida é complicada
E a arte indefinible,
Indefinible será a vida
E complicada a arte.
A arte é como uma "industria",
A vida, a "materia-prima"
E a "máquina" o homem
Cuja natureza
Tanto produz uma como outra
A vida é banal,
Efêmera e fugaz,
Onde tudo mais ou menos se repete,
Para logo se escapar
A cada millonésimo de segundo.
Fica a memória
Da vida vivida,
Que se torna alimento
Da propria vida,
Possibilidade de toda a artes.
Eis única formula possível,
Que activa os factos vividos
E e ganadora de histórias e ficções.
E assim. A expressão vital
Se transforma a cada instante
Em substrato artístico
No íntimo de cada ser.
E ali fica potencialmente retido,
Esse instante fugaz
Que tanto pode servir,
Para receber como para dar.
Por tal,
Me atrevo á contradição
De que a vida não existe,
Mas tão-somente
O que resta do teatro dela –a arte,
Vida que agora näo é vida
Instante logo perdido
Ápice já acontencido.
Contudo,
Que sublime
Cada fração de vida vivida
Que foge e se renova
Momento a momento!
Instante
Sem memória,
Sem consciência,
Sem tempo
- instante apenas
No córrego apressado
em seu destino cego
e se precipita
no fundo desse abissal espiritu.
Mar recóndito e sem medida
que és memoria,
coisa escondida,
de todos os tempos
e de tempo nenhum
Más tu, memoria!,
excitas a vida e aimaginação
que preservas
e seleccionas,
- assim o cinema.
O cinema que
audiovisualmente pode
e vai fixando da vida
o teatro que transforma
literatura e pintura em ação, em espetáculo.
E sejam estes “material ou imaterial”,
da vida nos fica a impressão
de que não existe o real,
más tudo confusão,
o resto - ilusão.
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